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Ar Fresco

quarta-feira, janeiro 26, 2005

Dilema...

Dentro de meia hora sairei para o estádio. Por um lado, tenho esperança (e pouco mais do que isso) de que o Glorioso vença o Sporting. Por outro lado, a hipotética derrota do Benfica poderia significar a despedida de Trapattoni...

Vencer ou perder, eis a questão!

P.S- Lembrei-me agora, um verdadeiro benfiquista nunca deseja a derrota!

segunda-feira, janeiro 24, 2005

"Quintas..."

A descrição de Eduardo Cintra Torres, no Público de hoje, diz tudo:

O programa "O Rei da Quinta" (TVI, 09.01), para promover ainda mais a personagem Branco, foi abjecto e desprezível, pela mistificação que procedeu em torno do novo produto mediático, elogiado e santificado por uma plateia de gente que se presta ao ridículo e à mentira. Chegou ao ponto de um pesquisador de linhagens dizer que Branco é descendente dos reis da primeira dinastia. De facto, olhava-se para ele, nesse mesmo programa, a explicar como põe bottox ou a mostrar-se rapando os pelos das pernas para a câmara - e era o mesmo que ver D. Afonso Henriques a subir a muralha de Santarém.

Comentários para quê?!

segunda-feira, janeiro 17, 2005

A estratégia falhada do PS

O PS lida hoje com um problema com o qual não contava. A dissolução do Parlamento e posterior demissão do Governo acelararam um processo que só deveria ocorrer em 2006. O PS não estava preparado, acabava de eleger um novo líder e procurava cimentar um projecto, apresentar uma oposição mais construtiva e a isto chamou-lhe: Novas Fronteiras (marcadas, desde há muito, para o próximo fim-de-semana).

O PS falhou ao não antecipar este evento. Primeiro, porque ainda está a prepará-lo (vejam-se as diversas reuniões de Sócrates com diversos sectores da sociedade). Segundo, porque apesar de a campanha ainda não ter começado oficialmente, toda a gente procura saber quais as ideias-chave dos partidos. Terceiro, e em consequência do atrás apresentado, têm surgido fugas de informação de dentro do partido o que levou a que Sócrates diariamente tenha de desmentir/confirmar/não comentar possíveis ideias associadas ao PS.

Assim, e enquanto o projecto socialista não é apresentado, Sócrates e o PS vão sendo confrontados diariamente com medidas prováveis para um futuro governo rosa, com medidas que descontextualizadas do programa global (as famosas "sound bites measures") podem parecer irreais ou inexequíveis, ou então confrontados com o facto de simplesmente não terem ideias.

Das duas uma, ou afirmavam desde o início que só após as Novas Fronteiras falariam sobre o programa a apresentar para as próximas eleições e não comentavam qualquer notícia, ou então desde o início iam levantando o véu sobre medidas ou ideias de fundo e não números soltos de medidas avulsas que levam sempre a erros/trapalhadas e más interpretações.

Nota: O facto de termos uma democracia atávica em que a oposição tem de votar sempre contra levou a que neste momento Sócrates passe a ideia de estar em contradição consigo: quer manter intactas algumas medidas tomadas pelo Executivo PSD, as quais havia votado contra! Afinal em que ficamos, Sócrates era ou não a favor destas medidas? E se era porque votou contra?

sexta-feira, janeiro 14, 2005

Reciclagem

Ideia ambiental de sexta-feira:

Lembrei-me hoje de manhã! Com tanto jornal diário gratuito de usar e deitar fora, tanta publicidade de previdentes do futuro, de fabulosas escolas de línguas e de lojas com descontos excepcionais, que tal a colocação de papelões em todas as estações de metro e de comboio. Aposto que os níveis de reciclagem iam aumentar e poderíamos cumprir as orientações da UE neste assunto. E sempre se evitava o lixo que ao final do dia polui as estações, as carruagens e as proximidades das estações.

Será que ficava muito caro? Não compensaria?

Talvez seja apenas demasiado ingénuo...

quarta-feira, janeiro 12, 2005

Debates...

Já começaram as polémicas sobre o número de debates. Por mim, se forem todos como os últimos, basta um com todos os partidos. Agora, se se quiser debater a sério, o que eu duvido (vamos assistir às tristes acusações recíprocas), dever-se-ia adoptar o seguinte modelo de debate:

- um painel com pessoas das seguintes áreas - educação, economia, saúde, justiça, ambiente etc.;
- uma pergunta feita a cada candidato sobre cada uma das áreas; o outro candidato podia também responder à pergunta que não lhe era directamente dirigida (portanto, duas perguntas para cada candidato, sobre cada área);
- três a cinco minutos para responder a cada pergunta, com controlo de tempo e sem hipóteses de diálogo entre os candidatos (deste modo, sem interrupções);
- no final cinco minutos para cada candidato expor o seu programa/ideias fortes (a ordem seria sorteada).

Através deste modelo não haveria as múltiplas acusações sobre o passado, não havia discussões sobre o tempo que cada candidato falou. E, se mesmo assim, algum dos candidatos quisesse fazê-lo, usaria do tempo das respostas, reduzindo deste modo o seu tempo para poder explanar as suas ideias.

Obviamente que este modelo obrigaria aos dois candidatos um bom trabalho de casa, sobre as diversas áreas, bem como uma boa gestão do tempo durante a entrevista.

Este modelo é apenas para um debate a dois (PS e PSD).

P.S - A ideia era este ser o último dos debates, no penúltimo dia de campanha. Até lá poder-se-iam realizar múltiplos debates, com todos os partidos com representação parlamentar ou outros mano-a-mano...

sexta-feira, janeiro 07, 2005

A Noite do Oráculo

Acabei ontem de ler este magnífico livro de Paul Auster. Deixo de seguida algumas interpretações para despertar o interesse de algum fortuito leitor deste blogue:

Memória virtual
Citador
Duplipensar

Se preferirem, podem sempre consultar o site do autor aqui na coluna ao lado!

Em breve, uma "posta" minha sobre o livro!

quarta-feira, janeiro 05, 2005

Política e futebol...

Não, não vou falar do caso Pôncio Monteiro, e já agora aproveito para dizer que o Santana é uma autêntica Murphy´s Law: quando algo lhe pode correr mal, corre mesmo! E se não houver perigo de tal acontecer, ele lá arranja uma maneira...
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Há uns anos o treinador Mário Wilson dizia que quem treinava o S.L. Benfica arriscava-se a ser campeão. Hoje em dia, quem esteja na liderança do PS arrisca-se a ganhar com maioria absoluta. Enquanto Mário Wilson destacava a qualidade do plantel do Benfica, da época, menosprezando e até minimizando a importância do papel do treinador. No actual contexto político, qualquer que fosse o líder do PS teria hipóteses de ganhar com maioria absoluta, tal o favor que Santana fez ao País e à oposição, em particular, bastando ao líder do PS apenas não errar muito.

Temos, porém, que Sócrates parece querer dificultar o que parece fácil. Como? Não apresentando ideias, programa e escolhendo mal as pessoas que o acompanham/aconselham. O caso Pedroso não é de um líder forte. Para quê pôr a sua presença simbólica nas listas (uma vez que está num posto não ilegível)? Que deve o partido a Pedroso? E Sócrates? E o que ganha o próprio Pedroso com esta situação? Tudo isto é lamentável...

Tal como no tempo de Mário Wilson o Benfica não ganhou sempre, também agora Sócrates parece querer fazer o mais difícil, não ganhar por maioria absoluta e ter de negociar com a esquerda, o que nunca aconteceu antes...

Aguardemos os próximos episódios.

terça-feira, janeiro 04, 2005

Ensino Superior e a "massa crítica"

Parece que o tema da educação está outra vez na agenda dos partidos e dos media. Hoje a edição do Público tem dois artigos: um sobre a avaliação das universidades; e outro sobre a falta de "massa crítica" produzida pelas nossas universidades. O autor deste último artigo, Eduardo Alexandre Silva, põe mesmo o dedo na ferida ao afirmar:

(...) a diferença é que hoje a grande maioria das nossas universidades não produz massa crítica, mas sim técnicos ou licenciados direccionados para um tipo de função mecanizada do mercado de trabalho. Saem da universidade e já estão dentro do "sistema", onde quem questiona muito é olhado com estranheza pelos seus pares. Não se discute nada, apenas se confirma o quotidiano com o óbvio. Durante a universidade, não se "aprende a perceber", mas sim a decorar. "Marrar" é palavra de sucesso para o jovem estudante. Não é nada difícil um aluno cábula terminar a sua licenciatura, com uma média razoável, devido apenas aos esquemas de "copianços". Por cá, os alunos são formatados de forma a possuir um pensamento idêntico ao professor. (artigo completo aqui)

De facto, apesar de o curso que tirei (LLM) não preparar os alunos, ao nível da licenciatura, para nenhuma profissão técnica, não havia, na maior parte das cadeiras, liberdade para seguir um caminho diferente do indicado pelos professores. Na teoria poderíamos apresentar novos caminhos, desde que acompanhados de uma boa argumentação, mas na prática isso não acontecia, pois era raro o professor que aceitava os "argumentos". No quarto ano, quando numa cadeira (Teoria da Literatura) nos deparámos com um professor que exigia a nossa perspectiva, o Professor Miguel Támen, os alunos entraram em pânico, pois em nenhuma altura isso havia acontecido nos três anos anteriores. Se isto acontece num curso de Literatura, agora imaginem em cursos mais técnicos, mais orientados para uma saída profissional concreta no final do curso...

Só poderá haver massa crítica quando tal for exigido ao aluno, e isso terá de acontecer gradualmente ao longo da licenciatura, mas desde o primeiro ano. Com o "acordo" de Bolonha e a redução da licenciatura para três anos lá se vai a a exigência de espírito crítico, ficando esta exigência para as pós-graduções e para os mestrados... O pior é que todos nós sabemos como é que estes são ministrados em Portugal...

segunda-feira, janeiro 03, 2005

"Escroqueria universitária..."

Três excelentes posts sobre o ensino superior podem ser encontrados no Abnóxio (dica via Aviz).

Para ajudar mais à festa, gostaria apenas de chamar a atenção para um pequeno exemplo. Neste ano lectivo a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa ( a minha Faculdade) recebeu cerca de 10 novos alunos (havia 75 vagas) para o curso de Línguas e Literaturas Modernas, variante Inglês/Português, curso este preferencialmente orientado para uma futura profissionalização. A média final de entrada ficou-se no máximo pelos 11 valores. Ou seja os futuros professores do ensino básico e secundário, ou 2.º e 3.º ciclos, se preferirem, terão tido nas provas de acesso (inglês e português) entre 10 e 12 valores.

Agora imaginemos, que também neste estabelecimento de ensino leccionam professores como os descritos nos posts atrás mencionados... É fácil depreender que com os conhecimentos que os alunos têm a priori, fruto do ensino que receberam no secundário, e com o tal ensino dado pelos professores mediáticos, mas pouco pedagógicos, que tipo de professores estamos a formar...

Nota: os dados avançados não são rigorosos, cito de cor a informação que me ficou do que li nos dados públicos no início deste ano lectivo. A referência à "minha Faculdade" serve apenas para que se saiba que tenho conhecimento do ensino que lá é ministrado. E só a título de curiosidade, quando entrei neste curso e nesta faculdade no ano lectivo 98/99 não sobraram vagas e a média final de entrada ficou nos 13,8. Ora isto significa claramente que desde esta data a qualidade dos alunos, a priori, era superior, mas também não é um dado seguro o facto de lá terem saído melhores professores...